segunda-feira, 21 de abril de 2014

Sem desculpas e sem sinal.

Sem desculpas e sem sinal. Era assim sua queixa.

Reclamava horas por falta de noticias, o descumprimento do básico em  “se” falar, saber que esta tudo bem... alguém que preze pelo outro não ficaria mais de dois dias sem sequer um sinal de fumaça, pelo menos era o que ela cobrava.

Mas as coisas mudaram. Ela mudou de emprego, cortou o cabelo e comprou um celular novo.

Ela não da o que cobra, sua balança tem peso e medida diferentes conforme as situações.
O vento não sopra mais por esses lados, e seu celular novo não tem sinal; mas entra em redes sociais, nao que sirva tambem para a comunicação, mas cada um tem sua "revista caras" pessoal.
Não vou mais esperar o outro dia nascer e dizer que o dia esta belo ou melhor que ontem. Fazia tempo que me cobrava atitudes, me cobravam, este dia chegou, mas chegou tarde.

Decepções são colecionáveis, mas não são para ficar expostas na estante.
Ganhei um novo quarto, uma cama. Ganhei mais um lugar para fugir.

Se tenho amor, tenho incubado. Se tenho raiva, tenho nos poros...
Vou me entregar ao que quero fazer, sem celular e sem sinal.


Afinal, viver bem consigo mesmo, é viver sem desculpas e sem sinal.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Entra Amanha.

Entra Amanhã
 
Não quero mais brigas.
Quero seu riso de qualquer forma, esse é meu plano, sem planos.
Vou tomar a forma das mexas de seu cabelo, ser o  escoo do seu suor, doar minha epiderme em sua unha, ter seu sexo mas fazendo amor.
Ter as coincidência de um poema do Neruda, assistir um filme mudo, e preparar tua janta.
Verbalizar o "amor" no indicativo do pretérito mais que perfeito, o pretérito imperfeito do indicativo e o futuro do subjuntivo deixo para outro sujeito.
Aceito as condições, se tiver obrigação de ser feliz.
Ainda quero cultivar violetas na janela e ouvir o Bowie.
Eu não preciso de um terapeuta, mas uma secretaria de clinica de estética.
Joguei fora minha coleção de mentiras e decepções, e aprendi colocar ninguém nos meus planos.
Venha você da forma que for, mas venha e substitua a coloração do meu riso.
Meu coração frágil e blindado, não deixa muita coisa.
Aceito tudo que vem de você e seja de boa fé, mesmo seu sexo casual.
Você já faz parte de mim faz tempo, mesmo eu ou você não querendo.
Quero mais uma ressaca sua, uma garrafa de sake, um pedido de namoro uma viagem... com você eu quero tudo de novo.
Prometo-lhe e me, não decepcionar, embora eu já esteja.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Flores na Janela.


Mesmo sabendo que onde ela mora não tem praia, mesmo assim lancei ao mar minhas sentimentalidades expressa em um papel, a garrafa vazia de saquê para alguma coisa iria servir.

Por extenso sem rascunho e com rasuras; esta carta idêntica ao nosso “cruzamento” pela vida.

Lembro-me de ser avisado com antecedência ao não tomar o mesmo caminho e não tocar a mesma porta, ainda faço fé de sua vontade; não acredito que esta vontade seja de fato vontade, mas a boca fala do que o coração esta cheio... portanto lanço ao mar meus votos...

Ocupei a mente com mais livros, cursos, musicas, amizades,  novo trabalho... comprei ate um instrumento havaiano... mas de que é sabedoria e bom emprego sem amor, né Paulo? Como é triste ser feliz por fora e de fora para dentro.

Plantei cannabis, feijão, cidreira e manjericão. Difícil distinguir o tempo de crescimento de cada um, a hora da colheita, todavia, o cultivo deve ser constante... O silencio não cultiva nada e os erros como merda aduba nosso crescimento.

Agora o que eu cultivo esta na janela, tomando outros ares, as pétalas que já não secaram e morreram estão mais verdes e cheirosas.

A dor de um veterano é em não coçar perna amputada, de um siamês o manage a trois, e do eminente suicida, não é de não ter um amor, mas saber que ele existe, o reconhece sabe que esta próximo e isolado.

 

sábado, 21 de setembro de 2013

Abstinência de amor


Abstinência de amor

 

Confessei ao psicanalista, acabei por assumir minha patologia: abstinência amorosa.

Há algumas semanas vinha relatando a dificuldades dos dias, falta de motivação, inspiração na hora de escrever ou compor, falta de concentração nas aulas, ate minha fome resolveu fugir de mim.

Relatei uma vez, que sempre tive azar em ganhar presente, mas não comentei desse ultimo dia dos pais.

Eu disse que eu tinha saudade de algo que sempre me fez feliz, mesmo triste ou confuso, tava feliz, ele Dr. Fausto, falou que a saudade que eu tinha, era dela. Não entendi o porque, apenas não quis continuar o assunto que tanto de aflige, mesmo assim ele sabendo continuou:

- Você a ama?

- Sim.

- Esse amor... é dela. Não seu. Apenas é seu, aquilo que você doa.

Pensei tudo em milésimos de segundo em uma respiração que me durou dois peitos cheios e um diafragma vazio...

“A saudade dela, sou eu que cativo... O amor eu reprimido por medo da saudade dela...é minha.... mas  se ela sentir saudade minha eu posso falar com ela... mas ela falou que eu deveria procurar... será que o amor dela acabou ou a saudade não fez ela lembrar de mim...?”.

Perguntei quando o Mal de Alzaimer pode manifestar, ele disse que só afeta o lado cognitivo... alguém na beira da morte e do esquecimento e da morte esquecida lembra de quem ama e tem saudade.

Sensível a ponto de chorar na “sessão da tarde”, é mais fácil enfrentar  a si mesmo, que alimentar-se de outra mentira.

Nunca que assumiria a ela que ainda a amo, que penso em ligar todos os dias faltando minutinhos para seis... o psicanalista ganha pra isso. Eu nunca assumiria minha patologia.

Não sei onde andas, pediu-me não mandar noticias...

E hoje após a aula, eu  vi: Linda como sempre, negra, cabelo black, sapato melissa da cor vermelha, um colar vermelho, e impecavelmente trajando um vestido solto... de longe parecia que eu sentia seu cheiro... já tinha na boca o gosto de seu beijo... era de longe, apertei meus passos, tremulei a voz e pronunciei seu nome, sem ela olhar para tras; um paulistano latinocosmopoliurbano, chegar a ser inocente acreditando na sorte, pensar que ela estava aqui.

Não era ela.

Chorei de novamente, e entrei no museu de zoologia...

Confesso que fiquei com medo de ver meu nome lá, no Ipiranga.

E assumo por mim mesmo, sem ciência alguma... Se eu tivesse visto ela mesmo, mesmo que antes, saberia que o que eu sinto é falta de amar e ser amado, amado por ela, que eu sei onde que existe e onde esta, mas o que eu posso fazer por agora é visitar o museu do museu do Ipiranga, mesmo que para ler uma carta de amor, e treinar o choro contido.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Paixão

 


Amo tua voz e tua cor
E teu jeito de fazer amor

Revirando os olhos e o tapete,
Suspirando em falsete
Coisas que eu nem sei contar.
Ser feliz é tudo que se quer!
Ah! Esse maldito fecheclair!...
De repente, a gente rasga a roupa
E uma febre muito louca
Faz o corpo arrepiar.
Depois do terceiro ou quarto copo
Tudo que vier eu topo.
Tudo que vier, vem bem.
Quando bebo perco o juízo.
Não me responsabilizo
Nem por mim, nem por ninguém.
Não quero ficar na tua vida
Como uma paixão mal resolvida

Dessas que a gente tem ciúme
E se encharca de perfume,
Faz que tenta se matar.
Vou ficar até o fim do dia
Decorando tua geografia
E essa aventura
Em carne e osso
Deixa marcas no pescoço.
Faz a gente levitar.
Tens um não sei que de paraíso
E o corpo mais preciso
Que o mais lindo dos mortais.
Tens uma beleza infinita
E a boca mais bonita
Que a minha já tocou.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Isolation - Joy Division

 
 
 

Isolamento

 
 
Amedrontado todo dia, toda noite,
Ele a chama em voz alta de cima
Cuidadosamente espreitando por uma razão,
Meticulosa devoção e amor
Renunciou à auto-preservação
Dos outros que apenas importam-se consigo
Uma cegueira que toca a perfeição,
Mas machuca como qualquer outra coisa.

Isolamento, isolamento, isolamento.

Mãe, eu tentei, por favor, acredite em mim,
Estou fazendo o melhor que posso.
Me envergonha as coisas que tenho feito,
Me envergonha a pessoa que sou.

Isolamento, isolamento, isolamento

Mas se você apenas pudesse ver a beleza,
Destas coisas que eu nunca poderia descrever,
Destes prazeres - caprichosos, distrativos
Este é o meu único prêmio da sorte

Isolamento, isolamento, isolamento...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Acrobata da Dor - Cruz e Souza

Acrobata da Dor


Gargalha, ri, num riso de tormenta,
como um palhaço, que desengonçado,
nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
de uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
agita os guizos, e convulsionado
salta, gavroche, salta clown, varado
pelo estertor dessa agonia lenta ...

Pedem-se bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
nessas macabras piruetas d'aço...

E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri! Coração, tristíssimo palhaço.